quarta-feira, março 28, 2007

Off

"I wish you were a stranger I could disengage" há dias em que era óptimo deixar de conhecer toda a gente, tornarem-se todos estranhos, libertar-me de qualquer emoção que me una a qualquer pessoa..deixar de sentir alguma coisa pelas pessoas, ser neutra e passar por tudo e todos sem ser vista, vaguear só por todo o lado, sem ter de agradar, sem ter de me preocupar, sem ter de gostar ou odiar alguém..ser simplesmente, carregar no off..pressionar esse botão que eu não tenho e às vezes me faz muita falta..deixar de me importar com o que acontece.. acho que sou cansativa e monótona e isso aborrece-me profundamente..quero ser diferente..não resulta mais ser assim..se ao menos eu não me importasse, seria simplesmente..mas a minha ligação a todos não me deixa ser diferente..e vou-me importando, vou-me deixando afectar, vou-me guiando mais por emoções que por pensamentos..e apesar de fazer aquilo em que acredito, sei que seria mais fácil se eu tivesse capacidade de desligar..seria melhor? não sei..mas seria certamente mais fácil..mas hoje apetece-me carregar no off e não consigo.. quero esquecer tudo e não consigo, quero ser optimista e não consigo, quero acreditar que há quem se importe e não consigo..e acima de tudo isto afecta-me e ao mesmo tempo é-me indiferente..mentira, gostava que me fosse indiferente..gostava que absolutamente tudo me fosse indiferente..e é precisamente o contrário, tudo chega até mim, tudo produz algum efeito, tudo perdura na minha memória e as ideias acumulam-se e contradizem-se até à exaustão..bah..over and out

quarta-feira, março 21, 2007

circunferência

Estava numa aula e enquanto desenhava um referencial e uma circunferência ocorreu-me um pensamento perturbador e revoltante... pois... como é que uma simples circunferência pode perturbar alguém? Normalmente desenho o referencial e só depois a pobre da circunferência, que tem sempre o azar de ficar disforme... mas nesse dia, inverti a ordem dos acontecimentos e comecei mesmo pela dita circunferência... que desta vez saiu melhor... bem melhor... Foi nesse preciso momento que me reduzi à minha mão e ao seu movimento... percebi o quanto aquele maltido referencial me incomodava... e como duas simples linhas condicionavam o meu desempenho... fui rapidamente invadida por uma onda de tristeza e revolta... Aquelas duas linhas estão presentes na minha vida nas mais variadas formas... e condicionam-me e perturbam-me...
sinto-me condicionada porque não posso ser eu mesma... não posso mostrar-me... não posso expressar-me... e então a minha circunferência vai ficando cada vez mais disforme... cada vez mais abstracta, imperceptível,vazia...
gostava de puder conversar com alguém e não ser alvo da sua cruel classificação... gostava de puder ser eu mesma, autentica... e não ser apenas vista como louca, tola, etc... gostava de puder dizer na cara das pessoas que não gostei da atitude x, e que apreciei a y... isto porque vejo muita coisa à minha volta que me incomoda, e que, pela minha condição de "apenas mais uma" não posso nem consigo eliminar...
Poderá parecer que me estou a incluir no grupo dos perfeitos... errado! esse grupo não existe... não é ai que quero chegar...
então onde é que quero chegar? sei lá... a circunferência, ao longo do texto, já tomou variadas formas e neste momento aperta!... entre outras coisas... gostava que as pessoas se tratassem mais como... isso mesmo... pessoas! e que não se limitassem a classifica-las e a usá-las como objectos...
perante tanta coisa... apetece-me ficar calada... sozinha no meu canto... sem abrir a boca... porque se a abrir sei à partida que, ou não sou ouvida, ou sou mal avaliada...
talvez continue a sorrir!

ps: há alguns pontos que gostaria de abordar e que podem eventualmente ser falados em próximos posts...ou então não...
talvez haja alguma incoerência no que foi aqui escrito... e nesse caso... peço desculpa! :/

ps: a circunferência pode ser uma imagem muito egocêntrica... talvez... talvez eu esteja completamente errada, e... nesse caso corrijam-me. se não der muito trabalho!

domingo, março 18, 2007

over my head





como calar esta voz que não me larga? como fugir desta pseudo-razão que não é minha? como começar a ouvir tantas opiniões que nada têm a ver com o que sinto? como renegar a este sentimento que me parece demasiado sincero? não consigo compreender o que me dizem, à minha volta está uma barreira a separar a minha mente das exteriores..e não importa quantas vezes o repitam, isso não chega cá, não chegará..por acreditar em algo que não devo, vou-me enterrando aos poucos, por não me deixarem fazer o que é certo fico presa na incerteza, algures no meio, sem conseguir seguir para lado nenhum, sem perseguir nada mas o que não é certo..algo que não devo? dizem vocês..talvez com razão, talvez seja uma amizade utópica, talvez as minhas intenções pareçam demasiado dúbias, todos duvidam, ninguém acredita..até que começo eu a não acreditar.. lá estou eu a enganar-me a mim própria..não consigo, seria tão mais fácil não acreditar em nada, deixar de sentir tudo com tanta intensidade, tão mais fácil e tão mais estúpido..tão mais cobarde.. e, no entanto, parece que é isso que todos fazem e recomendam, fugir, procurar abrigo num sítio onde a dor não chegue, agir de forma a afastar-se o mais possível da fonte de sofrimento..para quê? onde isso me levará? a um mundo seguro sim, sem dúvida, mas ainda mais virtual..mais insensível, mais vazio..porque é que todos fogem e tentam esquecer quem um dia os fez feliz? porque não ficam e tentam sentir tudo na mesma, talvez de forma diferente mas não menos válida? porque se tem de fechar as portas a tudo de repente? talvez seja o que eu devesse fazer..lamento, nunca serei assim..não consigo seguir algo no qual não acredito.. posso cair, posso sofrer ainda mais mas pelo menos sinto com intensidade, e vou continuar a fazê-lo..não quero uma venda, obrigada.

quarta-feira, março 07, 2007

O Mundo ao Contrário

love I get so lost, sometimes
days pass and this emptiness fills my heart
when I want to run away
I drive off in my car
but whichever way I choose
I come back to the place you are

and all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside

in your eyes
the light the heat
I am complete
I see the doorway to a thousand churches
the resolution of my the fruitless searches
I see the light and the heat
I want to be that complete
I want to touch the light
the heat I see in your eyes

love, I don't like to see so much pain
so much wasted and each moment keeps slipping away
I get so tired of working so hard for our survival
I look to these times with you to keep me awake and alive

and all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside

Peter Gabriel, In Your Eyes


Preciso muito de escrever, embora eu saiba que a dor vai continuar quando me afastar do teclado...por agora só quero escrever, tentar derramar tudo neste écran, tentar esquecer que não estou contigo..e tentar perceber o porquê..tentar compreender porque tenho de continuar esta luta que não me pertence..

Porque não nos limitamos a ser felizes? A deixar que tudo nos guie ao acaso e que os nossos sentimentos nos levem para onde querem? Porque temos de estar sempre a impor barreiras e restrições à mudança por medo de um sofrimento ainda utópico? Life's too short..

"(...) mas, infelizmente, poucos seguem o caminho que lhes está traçado, que é o caminho da felicidade. A maioria acha o mundo uma coisa ameaçadora. (...) Então nós, os corações, vamos falando cada vez mais baixo, mas não nos calamos nunca. E torcemos para que as nossas palavras não sejam ouvidas: não queremos que os homens sofram, porque não seguiram os seus corações." in O Alquimista, Paulo Coelho

não consigo escrever mais, a música diz tudo e não me deixa continuar...

however long you stayed was all that i was*